Vejo os finos raios de luz que penetram a janela do quarto como se pela timidez sintam que se entrarem de mansinho ninguém dá por eles. Dou por mim já a pé. Lembro-me da guitarra portuguesa cantar o seu fado a noite passada. Soberana transparece confiança, soubéssemos nós o fado que ela canta. A memória mais vivida que tenho é a da lua a espreitar por entre as nuvens e de me sentir parte de algo, algo maior. Mas nada disso é relevante agora porque o fado é outro, sem fás mas alguns dós. Já não estou a pé. Fecho as persianas, “não entres luz! quero ficar só". A solidão não é só coisa de gente triste, é coisa de gente que aprecia o silêncio de estar só. Os raios de sol podem esperar mais um pouco. O sono prolonga o sonho. O sonho que grita realidade.
O pensamento percorre linhas sinuosas e todas elas vão confluir no local errado. Erros de cálculo e raciocínio incoerente. este corpo trabalha só de um. De um mecanismo só. Trabalha a coração. Gente fria que trabalha a coração, ironia. IRONIA.