Há dias assim em que sentimos que tudo o que fizemos ou sentimos foi uma perda de tempo, o ser foi e não contou. Com o tempo o que era inocente e simples torna-se um turbilhão de emoções e tudo se complica como aqueles problemas matemáticos que nos ensinavam na escola, que de facto têm resolução mas até chegarmos a conclusões concretas perdemos o nosso tempo...perdemos tempo.
Já tive o corpo quente, o sangue corria quente e o coração batia sem arritmia. Hoje estou mais gélida, a minha respiração é fria. Não sou infeliz mas também não sou feliz. Estou no intermédio do ser. A inutilidade do ser será mesmo assim tão inútil? Se o fosse não estariamos todos tão desesperados por ser, não é?
Faz-me falta o sentir. Estarei eu anestesiada? mental e fisicamente? A dor não sabe ao mesmo. é diferente.
Mudanças, inevitáveis... essas mudanças.
Quero sentir, voltar a sentir, o sangue a correr rápido que nem rápidos e o coração, esse sim estar repleto e bater vigorosamente como se nunca tivesse sido magoado.
O tempo sempre é tempo. Isso quer dizer que ainda vou a tempo?
Quero mesmo ser.
Posso?